quarta-feira, 8 de julho de 2009


"E pela lei natural dos encontros

Eu deixo e recebo um tanto..."

(Galvão e Moraes Moreira)


"No princípio era o verbo” (João 1:1). Acrescento dizendo que, no princípio, eram o verbo, dois corações e duas mãos. Sim! Duas mesmo. Mais precisamente, as nossas direitas. Decidimos seguir a mesma carreira e, "pela lei natural dos encontros", nos vimos na mesma sala de aula. Depois, as próprias semelhanças se encarregaram de nos aproximar. Descobrimos que tínhamos em comum, contraditoriamente, o que em nós era distinto. Nela, meu espelho ao inverso, encontrei a docilidade que eu guardo a sete chaves, ali, na cara, para todo mundo ver, "escancarada". Em seu olhos de criança, a curiosidade e sensibilidade tão necessárias ao universo literário. Vinícius, Tom, Novos Baianos, Milton Nascimento... as músicas do meu Mp3 são copiadas do dela. O meu nome, alemão: Reika. As palavras de origem germânica exigem uma certa "rispidez" na pronúncia, mas o meu tem um ditongo no início, que eu considero uma forma de amenizar a força da oclusiva da segunda sílaba. Considero a pronúncia do meu nome um doce que arranha. O dela, francês: Louize é chocolate ao leite suíço... derrete suavemente. É assim em nós também. Acreditamos no poder das palavras. Não seria diferente com os nossos nomes. Esse blog é muito mais que expressão de nossas almas, constitui um sonho. É um vôo para o qual nos preparávamos há muito, é um modo de trazer quem a vida levou para longe, mas deixou um coração a pulsar veementemente, com intensidade flamívoma, de tal modo que já não é possível abafar o som aqui dentro. Certas vezes, não raramente, o coração grita. Grita em meio à balbúrdia interna de veias, artérias, espaços de átrios e ventrículos que se esvaziam e se preenchem em segundos. Veias com nomes. As nossas se chamam literárias.